É normal que a mídia de tempos em tempos nos surpreenda com casos que envolvem desvios e corrupção. Muitas vezes ficamos assustados com o volume ou abrangência desses casos; mas importante mantermos a consciência de que, exatamente por esse volume ou abrangência, que recebem tanto destaque.
Ao mesmo tempo em que isso tranquiliza pelo fato de não termos casos desse porte a todo o momento; devemos ter a clareza de que inúmeros outros casos ocorrem a toda hora por aí.
Assim como existem os crimes estarrecedores que assistimos na mídia, em função da abrangência e volume que envolvem; há também aqueles mais brandos ou até camuflados, com os quais nos deparamos todos os dias. Não há mais (se é que um dia houve) algum comitê ou órgão incorruptível ou comprovadamente imaculado, em qualquer esfera ou poder, tanto público quanto privado.
Mas há sim, diferença entre as pessoas. Essa diferença se estabelece pelos preceitos, éticos ou não, que balizam sua conduta. E é exatamente isso que nos interessa abordar aqui: assim como os casos que acompanhamos na mídia; casos semelhantes, sejam crimes, contravenções ou simplesmente desvios morais ou legais, nos são confrontados quase que diariamente, em nossa vida pessoal ou no nosso trabalho.
Nessa hora entra um dos fundamentos do bom profissional – a consistência e firmeza de seus valores. Não se corrompa e mantenha a postura firme e respeitosa, em relação ao que acredita ser certo.
No entanto, importante lembrar que isso não quer dizer que o bom profissional deve ser intransigente e não aceitar qualquer ideia contrária. Existem regras que podem ser relevadas ou até quebradas, mas sempre com consciência e discernimento.
Como sugestão, nessas oportunidades, use de alguns questionamentos essenciais, que lhe darão maior segurança se perceber que alguma decisão pode conflitar com seus valores:
- Ouviu todas as partes envolvidas e deu espaço ao contraditório?
- Envolveu mais pessoas na decisão?
- Está convencido?
- A decisão será justa?
Essa abertura para podermos flexibilizar as regras no ambiente de trabalho é necessária porque o ambiente evolui e regras criadas há muito tempo, podem não ser mais válidas nos dias de hoje. Ou até, assim como acontece em países de governos totalitários, a regra, na época de sua criação, talvez não visasse uma finalidade verdadeiramente digna.
Cada vez mais, seremos obrigados a conviver com valores diferentes. Pessoas de origem heterogênea e culturas diferentes da nossa convivem cada vez mais nas empresas. Isso não só é saudável, como é humano por excelência e fundamental na formação do bom profissional.
O que define se vale a pena mudar um valor?
O novo valor ajuda a criar um mundo melhor, um ambiente mais produtivo com respeito aos profissionais e principalmente, sem beneficiar uma parte interessada em detrimento de outra? Ou ajuda a criar um mundo melhor apenas para alguns; e preciso esconder o que estou fazendo ou garimpar argumentos para ter orgulho em defender o que irei fazer?
Com base na resposta saberá se é hora de reavaliar o que acredita.
Mas, utilizando também a metáfora do país, assim como a Constituição, que tem as suas cláusulas pétreas; tenha bem claro para você quais são seus valores fundamentais, dos quais não podes e nem deves abrir mão facilmente. Por vezes, você estará na posição de quem precisa estimular a mudança de valores em outros, e o debate no mínimo valerá para colocar seus valores à prova para você mesmo.
Se for esse o caso: se os colegas ou a empresa necessitem mudar, comece agora. Mas comece da maneira correta: não imponha; eduque e convença!