Desafios devem ser utilizados como alavanca para nosso crescimento. Essa é uma orientação utilizada de forma reiterada em palestras e textos motivacionais. É uma filosofia correta, pois nossas competências realmente necessitam ser exercitadas permanentemente, para se tornarem cada vez melhores. E novas competências surgem quando somos confrontados com desafios.
Mas, embora isto pareça consenso; na prática, muitas vezes percebemos apenas desafios; e não identificamos corretamente os verdadeiros aprendizados.
Na área de Recursos Humanos, por exemplo, precisamos extrair aprendizados importantes do momento atual. A crise, dita pelos especialistas, é uma crise conjunta, tanto econômica quando política. Uma acaba acirrando a outra.
Quando transferimos esse cenário para as empresas, ocorre o mesmo; com a diferença de que numa dimensão menor, o político pode ser traduzido como moral. Poderíamos dizer então que, em muitas empresas, o problema é tanto econômico quanto moral.
É preciso pensar sobre isso, para que possamos, nas áreas de Recursos Humanos, tirar o devido aprendizado do momento, e avaliar nossa própria responsabilidade em relação à situação. Se a crise é econômica, pode haver parcela de responsabilidade do RH que não preparou suficientemente os profissionais para superar (ou entender) os desafios. Se o problema é moral, idem. Mas, o mais importante é o exercício da reflexão para o aprendizado, lembrando daquilo que é realmente importante para o RH.
- Com relação ao problema econômico: o aprendizado é relembrar que a grande função do RH sempre será, ser o guardião da produtividade e meritocracia.
- Um ambiente de justiça interna, só pode ser obtido pela meritocracia, construída através do estabelecimento de objetivos arrojados, alicerçados no reconhecimento do desempenho. É isso que garantirá lugar no futuro, pois a única coisa que garante o (espaço de) trabalho de uma empresa no futuro, é a sua produtividade em relação ao mercado.
- Com relação ao problema moral: é preciso estabelecer ou rever as diretrizes que tornam aquela empresa válida para a sociedade.
- Ser válida, entre outros aspectos, significa no mínimo praticar as normas de conduta eticamente aceitas; mas preferencialmente, auxiliar na consolidação de exemplos positivos. Uma empresa deve trazer ganho para a comunidade, tanto por aspectos de responsabilidade social quanto por aspectos de geração de riqueza para TODAS as suas partes interessadas. Os dois tipos de ganhos, passam essencialmente por “ser exemplo” como organização.
Quando se fala em estar alinhado ao CEO, não se está (ao menos não se deveria estar) fazendo referência à pessoa; mas sim à missão da organização. O RH precisa entender as premissas que nortearam a construção dos objetivos e visão de futuro da organização. A partir daí, precisa assumir atuação ativa. Assim como tem seu trabalho influenciado pela cultura da empresa; deve também ele influenciar essa cultura, especialmente do corpo diretivo. Deve manter vivos e defender os valores que alicerçam a missão, questionar práticas que com eles conflitam e sugerir novos valores que permitam que a empresa continue válida e produtiva no futuro.
Por si só, isso já é um grande desafio, mas deve ser feito. Não há sentido em montar processos ou programas, sem um objetivo que contribua de forma justa, para as pessoas dentro e fora da organização. E não há sentido ou justiça, em tentar contribuir para as pessoas, sem combater a displicência com resultados e a negligência moral.
Mantenha as pessoas acordadas.