O momento atual tem exigido de muitas empresas e profissionais, reinventarem-se e adaptarem seu estilo e seus métodos a um novo cenário. Alguns têm chamado esse ambiente de “novo normal”.
Na verdade, em parte discordamos desse termo. Não se trata de algo normal; estamos sim, em frente a uma fase totalmente anormal. O mundo não era assim e possivelmente não será assim em seu futuro próximo. O mercado como um todo, sequer conseguiria perdurar num cenário como esse, por longo tempo.
Mas, obviamente que o impacto dessa fase é profundo e deixará marcas. Algumas coisas não voltarão a ser como antes e muitas das mudanças implementadas, irão perdurar.
É o caso por exemplo, do comércio virtual ou das “transações digitais”. Mesmo o mais cético (ou teimoso) dos comerciantes tradicionais, que dizia de boca cheia que “- venda pela internet não serve para mim; meus clientes querem contato pessoal”, precisou se render a um novo modelo de negócios.
E é nesse cenário que conseguimos visualizar algumas das verdadeiras mudanças que, embora não tenham sido criadas pela pandemia, acabaram se destacando nessa fase.
A primeira, como já vimos acima, é a necessidade de conviver com transações digitais, lado a lado, com as tradicionais.
A segunda é de que apenas recriar os processos manuais de forma digital, sem repensá-los, não agrega ganhos ao negócio. É algo como um professor, que tendo utilizado a lousa durante toda sua vida profissional, ao passar a ensinar em salas virtuais, tentasse escrever com giz, na tela do computador.
Novas tecnologias permitem (e exigem) novos métodos.
Um dos desses fatores que merecem ser repensados, e podem trazer ganhos inéditos é aquele ligado ao que poderia ser chamado como “logística digital”. Nunca antes a tecnologia permitiu tanta mobilidade e colaboração.
Antes, um pequeno estabelecimento podia ser obrigado a cuidar de seu produto do início ao fim do processo, optando por distribuí-lo apenas em locais próximos ou conhecidos, através de entregadores também conhecidos e de confiança, e exigindo por segurança, pagamento em dinheiro. Hoje a situação é outra: Se preferir, ele sequer precisa fabricar seu produto: ele pode se focar totalmente na ideia do produto ou serviço e pela gestão da marca, e digitalmente, produzir (e acompanhar a produção) à distância, em qualquer lugar do mundo. Além disso, pode conveniar com outra empresa especializada em logística para efetivar a entrega e aproveitar a expertise de mais outra do setor financeiro, para receber os pagamentos das mais diversas formas.
Para aqueles que souberem escolher bem seus parceiros e explorar essa tecnologia, não para agilizar processos já existentes; mas sim para redesenhá-los através de relações ganha-ganha com estes parceiros, as possibilidades são ilimitadas. A tecnologia, aliada à criação de um ambiente colaborativo, permite, por exemplo, um agricultor de produtos orgânicos do Chuí, no extremo sul do Brasil, vender seu produto com destaque e preço compensador, em casas especializadas de São Paulo ou Nova Iorque. Ou da mesma forma, um pequeno fabricante do Nordeste brasileiro, entregar em qualquer local da China ou do Canadá, após realizar a venda através de um marketplace coletivo.
O mercado, nessa hora, se nivela de forma estarrecedora. Uma pequena empresa, de alguns poucos funcionários; passa a poder contar com a mesma abrangência de atuação de grandes conglomerados multinacionais.
Chegamos verdadeiramente ao momento em que nos negócios entre as empresas, a agilidade e a capacidade de realizar parcerias estratégicas e inovação, se tornaram mais importantes que o tamanho, a estrutura ou realizações passadas.
