Além da sala de aula e muito além da internet

O momento em que nascemos, é o momento em que o mundo nos apresenta seu maior número de possibilidades.
À medida que crescemos, ao mesmo tempo que nos aperfeiçoamos, nos especializamos e focamos em algumas áreas e temas de interesse; outros caminhos naturalmente vão ficando em segundo plano. É o caminho natural.
Nossa caminhada profissional e pessoal não é, portanto, definida em um único momento. Ela é construção gradativa e permanente do acúmulo de decisões e aprendizados durante toda nossa vida.
Conscientes disso, podemos afirmar que, mesmo considerando casualidades específicas (que existem), as oportunidades, escolhas, desafios e problemas de hoje, são fruto da nossa história até esse momento.
Com base nisso, ainda será tema de debate por muitos anos, as consequência do novo “modo” de aprendizado atual da sociedade e de como isso impacta na geração de oportunidades futuras das pessoas e na sua capacidade de lidar com desafios. Importante que cada um de nós reflita sobre isso, não apenas em relação à própria vida, mas também daqueles que nos são importantes, como filhos e família.
Há alguns anos era comum ouvir queixas sobre como famílias estavam delegando a instrução de temas importantes, normalmente ligados a aspectos atitudinais e comportamentais, à escola. Nitidamente, permanecia para a escola a tarefa de realizar a incursão de jovens em temas que deveriam ocorrer em discussões e práticas familiares, como administração financeira, relacionamento assertivo com pessoas, ética e principalmente, interpretação de contextos e intenções de pessoas do círculo de relacionamento.
Mal sabiam os queixosos que, além da escola já não ser capaz de suprir essa demanda, sofreria concorrência totalmente desigual com um novo formador de pessoas, a Internet.
Os profissionais que hoje adentram nas empresas, as pessoas com as quais nos relacionamos, trazem na sua formação atitudinal e conceitual (posicionamentos e crenças), forjados no que acompanharam nos meios digitais. Tiveram como professores, estudiosos autodidatas, eminências e famosos das mais diversas áreas e influenciadores de toda ordem. Sem julgar a pertinência dessas orientações, fato é que a miscelânea de influências recebidas é enorme e nem sempre garante aquela efetividade e assertividade que lhe será necessária, na vida e no trabalho.
O sistema atual aberto, parece reproduzir os primórdios da antiguidade, onde os mestres reuniam seus aprendizes em círculo, por vezes embaixo de árvores, para discutir e aprofundar temas importantes da vida. No entanto, a diferença hoje está que os grupos de aprendizes, ao invés de serem um pequeno grupo que se conhece, pode ter centenas de milhares de pessoas (os fóruns ou grupos de redes sociais) e os mestres, antes ilibados e reconhecidos pela sua trajetória, são referências por vezes desconhecidas quanto à sua trajetória, embasamento e principalmente, intenções ou propósitos. A internet é de uma riqueza fantástica, mas requer suporte orientativo para o discernimento.
Esse novo desafio de formação, acaba refletindo e exige preparo e atuação complementar do poder público, sociedade e empresas. Todos são campos onde essa “formação” volátil e descentralizada será diretamente efetivada em comportamentos.
Para nossa formação como profissionais e como pessoas, informação e formação, sem orientação fundamentada e experimentação acompanhada, tende ao inesperado. Isso pode ser estimulante; mas também desagregador.
Comece em casa, estenda para a empresa e se posicione nos seus círculos pessoais – a formação mais do que nunca requer seu acompanhamento e engajamento.

Imagem de storyset no Freepik

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