Não faz muito tempo que o debate sobre a jornada reduzida tomou espaço nas discussões e comentários relacionados a recursos humanos. O objetivo é garantir que as pessoas, a força de trabalho da organização, se sintam motivadas a se engajar mais, em função do olhar especial que a organização tem com as suas necessidades
Mas cabe avaliar muito bem o correto posicionamento e a dosagem do que seria uma “flexibilidade nas relações” no ambiente de trabalho. Jornada reduzida, por exemplo, é uma das alternativas, num contexto maior de flexibilidade no local de trabalho.
Simplesmente adotar algumas práticas diferentes daquelas tradicionais e estender estas a toda a força de trabalho, imaginando que se trata de uma flexibilização, talvez não o seja na verdade. Muitas vezes acaba sendo apenas uma alteração, uma mudança, teste ou experiência, de um novo padrão de trabalho. Dependendo da forma que for implantada, se torna uma mera alternativa a mais ao padrão já existente; mas continua sendo um padrão, que exige que todos se enquadrem a ele (ou ao antigo), da mesma maneira.
Em função disso começa a surgir no ambiente global das discussões de gestão, um tema que se poderia definir como “flexibilidade equitativa”. Envolve criar ou adaptar as políticas de recursos humanos de tal maneira que elas possam ser flexibilizadas quase que individualmente a cada pessoa, conforme as suas necessidades reais.
Imaginemos a jornada de trabalho daqueles que tem os filhos na escola na parte da manhã: precisam chegar mais tarde, após deixar os filhos na escola. Existem aqueles que têm os filhos na escola na parte da tarde, aqueles que não têm filhos e inclusive, aqueles que, apesar de não terem filhos, eles mesmos estudam em horários dos mais variados. Neste caso, uma simples questão como a jornada de trabalho já pode suscitar várias necessidades diferentes, dentro de um pequeno grupo de pessoas.
Como atender a isso? A possibilidade de criar políticas de recursos humanos que se adaptem de maneira dinâmica à grande parte (mesmo que ainda não individualmente ainda) das diferentes necessidades das pessoas da empresa?
Com o avanço da tecnologia (inteligência artificial, etc.) há muito já se fala em substituição de postos de trabalho por máquinas ou sistemas. Pois enquanto corremos o risco de isto acontecer, ainda há empresas que hoje tratam suas pessoas como robôs, imaginando que todas elas precisam se adaptar da mesma forma, a um mesmo padrão existente.
Esteja atento. Mesmo que a flexibilização total ainda possa parecer uma utopia; do outro lado, regras rígidas com nenhuma ou pouco possibilidade de ajuste, cada vez funcionarão menos.
As pessoas que realmente serão necessárias no novo ambiente de mercado, aquelas que a máquina não vai conseguir substituir, certamente não se enquadrarão em um mesmo padrão, homogêneo.
