
No processo de comunicação assumimos diferentes papéis. Isso ocorre deste o começo, na definição de quem recebe e quem emite a informação, numa visão tradicional do processo de comunicação.
Mas, em termos de comunicação, o quesito “papel” vai muito além da simples dicotomia entre emissor e receptor. Em organizações empresariais e na sociedade como um todo, no processo de comunicação é preciso que exista um alinhamento muito bem definido, entre a mensagem que estamos emitindo e o papel que assumimos ao emitir aquela mensagem.
Numa empresa, por vezes você pode ser responsável por repassar uma mensagem oficial em nome da empresa e, como tal, assumir papel de representante da administração, da gestão da empresa. Por vezes, você pode necessitar que gestores intermediários repassem essa mesma informação, com a mesma ênfase, para suas equipes de trabalho. Ou seja, quando este supervisor ou esse gerente conversar com sua equipe, ele também estará representando a direção da empresa no processo de comunicação
Nessa análise, é preciso se despir de qualquer conceito prévio do que representa uma comunicação em nome da empresa ou em nome dos funcionários. Eventualmente somos levados a refletir que a comunicação envolve necessariamente escolher lados e, com isso, omitir fatos ou informações, conforme o papel que se assume.
Mas esse “pré”-conceito é uma distorção. Não tem a ver com comunicação; tem a ver sim, com a ética (ou falta dela) envolvida no processo.
A ética e a polidez no processo de comunicação precisam existir em todos os momentos, independentemente do papel que se está assumindo. O que se deseja enfatizar aqui é que não pode haver relutância ou incerteza quando nos comunicamos de maneira oficial – é preciso assumir o papel e, com muita ética, passar a comunicação com clareza. Postura que não impede a abertura necessária para eventuais dúvidas e questionamentos; ao contrário, pode ser oportunidade de trazer ainda mais clareza à mensagem.
Mas diálogos como, por exemplo: “- Me mandaram sugerir isso pra vocês… não sei se vai funcionar, inclusive, nem sei se concordo; mas preciso repassar”; certamente envolvem dilemas relacionados à ética.
Eventuais inseguranças ou discordâncias pessoais, demonstradas no momento do repasse da informação, consciente ou inconscientemente, acabam contribuindo diretamente na insegurança e discordância também daqueles que recebem a mensagem.
Portanto, no mercado de trabalho, todos assumimos papéis que precisamos assumir no processo de comunicação. Obviamente que, quando começam a ocorrer discordâncias recorrentes entre o papel que se precisa assumir e a nossa opinião pessoal; ou se uma comunicação tem muita inconsistência em relação aos nossos valores pessoais, talvez seja hora de reavaliar esse nosso papel.
Mas essa é uma decisão pessoal e que envolve uma análise muito mais ampla.
O que importa é que no processo de comunicação, antes de emitir a mensagem, antes de dialogar, deve haver um preparo anterior: o conteúdo da mensagem, sua abordagem e propósito devem ter sido entendidos e internalizados.
Para convencer não é necessário concordar com tudo, mas se deve estar convencido da importância da mensagem.
( Original em: https://www.linkedin.com/pulse/seu-compromisso-com-mensagem-clara-a-m-schneider-95i9f )