Série “Cooperativismo” – Uma alternativa que vem crescendo

Em função da diversidade de tamanhos e linhas de atuação, o cooperativismo tem se tornado um tema controverso. Como sistema, ele tenta se posicionar como um modelo de organização alternativa, em contraponto àquele dominante na estrutura de mercado capitalista. Para isso, reveste-se de simbolismos, enaltecendo com orgulho a adoção de uma filosofia universal, baseada em igualdade, fraternidade e gestão democrática.
A adoção dessa filosofia deriva implicitamente de premissas oriundas do empreendimento seminal da Sociedade dos Probos Pioneiros de Rochdale (Holyoake, 1893), considerada como a primeira experiência exitosa de cooperativa e que teria servido de modelo para todas que existem atualmente.
Porém, muito tempo se passou desde aquela época, e os princípios e formas de funcionamento, colocados à prova, naturalmente tiveram alterações.
Seria de um anacronismo ingênuo não levar em conta o Zeitgeist de cada época e acreditar que o cooperativismo de hoje permaneceu estável, sem mutação, de forma que pudéssemos igualar todas as cooperativas de hoje àquela pequena cooperativa de 28 operários, surgida em meio à Revolução Industrial, no ano de 1844. Por mais que se possa tentar, como orientação, universalizar algumas premissas filosóficas daquela época para todas as cooperativas, é preciso ter em mente que, nesse caso estamos tentando uniformizar organizações muito diversas. Elas atuam em ramos distintos, que vão desde a produção de serviços e produção agropecuária, passando por serviços de telecomunicações, atendimento em saúde e serviços financeiros; ou seja, variam tanto em faturamento (de poucos milhares a bilhões de reais), quanto em número de associados (de dezenas a centenas de milhares) e, finalmente, estão localizadas em regiões e realidades totalmente distintas, com experiências que envolvem desde mutirões em regiões de vulnerabilidade social até projetos habitacionais cooperativados em bairros de alto padrão.
Atualmente estima-se que existam no mundo mais de 3 milhões de cooperativas (SISTEMA OCB 2024), estando 4,5 mil no Brasil. No seu conjunto, considerando os diferentes países, envolveriam mais de 23 milhões de cooperados e 550 mil postos de trabalho. São organizações dos mais variados tipos e tamanhos, e que por convenção da estrutura que representa o sistema, se organizam em sete ramos principais, conforme o foco da atividade desenvolvida: Agropecuário; Consumo; Crédito; Infraestrutura; Saúde; Trabalho, produção de bens e serviços; e Transporte.
As cooperativas podem, portanto, atuar nos mais diversos setores, mas o potencial do modelo e a forma de organização e participação, ainda são pouco conhecidos na sociedade.

REFERÊNCIAS:
HOLYOAKE, George Jacob. The history of the Rochdale Pioneers. London: Swan Sonnenschein & Co., 1893. v. 20
SISTEMA OCB. Conheça o coop. [S. l.], 2024. Homepage Institucional. Disponível em: https://www.somos.coop.br/conheca-o-coop/. Acesso em: 9 nov. 2024.

ESTE TEXTO:

SCHNEIDER, Alexandre Marcelo. Série “Cooperativismo” – Uma alternativa ainda pouco conhecida. In: ARTIGOS E PUBLICAÇÕES – A. M. SCHNEIDER. 21 fev. 2024. Disponível em: https://schneider.pro.br/artigos-e-publicacoes/. Acesso em: 23 dez. 2024.

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