(A rede exige comportamento semelhante ao que usamos no dia-a-dia)
A modernidade trouxe entre suas vantagens, o acesso facilitado aos meios de comunicação e, fruto dele, como talvez o maior benefício, a ampliação das oportunidades de expressão. Até há pouco tempo atrás, uma boa idéia, uma notícia interessante ou até um artista com talento, necessitaria de muito mais trabalho e uma dose de sorte ou da aprovação prévia das editorias dos meios de comunicação de massa, para obter expressão pública considerável.
A internet democratizou esse processo. Um bom vídeo, pode ficar famoso em instantes, se for muito acessado no youtube. Um bom texto ou uma foto instigante, pode se alastrar rapidamente, conforme o gosto dos internautas. No entanto, isso aumenta em muito nossa responsabilidade. É preciso observar com muito cuidado a forma como nos expressamos na rede, pois nossa imagem depende disso. Além disso, é importante lembrar que a Internet tem a capacidade de tornar eterno tudo que nela disponibilizamos. Ou seja, qualquer vídeo, imagem ou texto que colocamos na rede, mesmo que deletados imediatamente após serem postados; e mesmo que numa fração de segundo, já podem ter
sido copiados. A partir desse momento, podem ser replicados várias vezes, mesmo que
sem a nossa autorização.
Segredos também não existem na rede. Uma informação compartilhada apenas com uma ou poucas pessoas de total confiança, em algum momento será armazenada em local que permita o acesso de outras pessoas. A partir daí, perdemos o controle sobre ela.
Várias regras sobre etiqueta no uso da internet vem sendo divulgadas, para evitar constrangimentos aos usuários principiantes ou aqueles mais afobados. Manuais de “etiqueta no uso do twiter”, “regras de postagem no Facebook”, ou ainda, “o que divulgar e o que não divulgar no seu perfil do Orkut” tem a intenção de evitar que usuários possam realizar na internet, atividades das quais se arrependam no futuro.
Mas lembrar de todas essas regras se torna inviável. A regra de ouro é utilizar uma metáfora para todos os meios virtuais, comparando-os com outros meios que já existiam anteriormente. Por exemplo, o e-mail, é o correio, a carta que utilizávamos há alguns anos, porém, muito mais veloz. Os sites e blogs que utilizamos ou onde postamos comentários, são os jornais e revistas impressos onde divulgávamos anúncios; porém, com penetração muito maior e gratuitos. Nossos perfis nas redes sociais são na verdade, o currículo que enviávamos às empresas; no entanto, agora sem saber quantas e quais empresas ou pessoas estão consultando-o a cada momento. Adicionar uma pessoa a uma rede social (Facebook, Linkedin, etc.) é como apresentar-se a outra pessoa numa festa ou agendar uma conversa com um profissional de outra empresa.
Desta forma, fica fácil saber como agir em relação à questões de etiqueta na Internet: considere o meio virtual utilizado como se ele fosse o meio antigo substituído. Tenha mente algumas reflexões básicas como as que seguem:
1) O que você está postando, publicaria de forma assinada num jornal ou revista de circulação nacional? É uma opinião fundamentada que não corre o risco de mudar?
2) A pessoa que você quer adicionar numa rede social, não é obrigada a lembrar de você, mesmo se você considerá-la próxima. Se fosse numa festa ou evento e você quisesse
conversar com alguém, sairia divulgando que ela é sua amiga sem se apresentar antes? Importante: apresentar significa, que já no primeiro contato, você menciona o que lhe levou a contatar essa pessoa, de onde a conhece ou qual o interesse em querer adicioná-la. Você deve justificar até as questões mais triviais, como por exemplo, “fui seu colega de classe, há dez anos no colégio…”, ou “me interessei pelo texto que publicaste e gostaria de acompanhar suas postagens”.
3) Aquilo que você manda por e-mail, escreveria numa carta para uma outra pessoa sabendo que nunca terá certeza de que devolverá? Ou se sentiria mais confortável conversando ao vivo? A propósito, isso me lembra: comunicadores instantâneos (MSN, etc.) são como as antigas ligações telefônicas, com o agravante de que todas as ligações estariam sendo gravadas – você nunca saberia quem está do outro lado ouvindo. Pense nisso especialmente quando resolver ligar a câmera enquanto conversa no MSN.
4) Quando postar informações no seu perfil, são informações que anexaria publicamente no seu currículo? Elas agregam ou lhe constrangeriam numa situação assim? O texto é
bem escrito ou poderia virar deboche no dia seguinte?
Tenha em mente que a mesma oportunidade que a Internet proporciona para podermos expressar nossas idéias e potencialidades, serve também para expor nossos deslizes e fraquezas. Você nunca sabe quem está do outro lado e com que intenção usará suas
informações, seja na vida profissional ou pessoal. Já existem casos, por exemplo de assaltos e seqüestros onde a rotina da vítima foi acompanhada por meio do que postava na Internet.
Uma informação poderia nos confortar: saber que a maioria das oportunidades que perderemos por postar algo inadequado na rede, jamais ficaremos sabendo. Mas se você não quer este conforto, cuide com o uso da rede. Seja cordial como se fosse uma relação real. Apresente-se sempre antes de postar qualquer comentário ou adicionar outra
pessoa e principalmente, lide com as pessoas na rede como lidarias com elas se fosse numa relação real, com várias pessoas em volta observando.
Afinal na rede, o que mais acontece conosco é sermos observados, na maioria das vezes, sem percebermos quando isto está ocorrendo.
A. M. Schneider
Texto que traduz a realidade, bem escrito, parabéns. Parabéns
Obrigado Sandra. Você que lida diretamente com os processos de recrutamento e seleção sabe bem do que tentei traduzir no texto!
Republicou isso em A. M. Schneider.